Tive uma breve crise existencial (digo breve porque não passou de uma reflexão pertinente), onde eu me vi em uma encruzilhada.
Eu estava lendo o livro "Grande Magia - Vida Criativa Sem Medo" de Elizabeth Gilbert, na verdade eu estava praticamente desistindo de ler este livro, porque meu ponto de vista sobre a arte tem algumas divergências com a visão enfática da autora, mas resolvi que terminaria o livro para extrair dele tudo o que me fosse útil, e acabou que o último quarto do livro foi realmente o que me agregou. E, inclusive foi o ponto de partida para esta reflexão.
Em um capítulo intitulado "O Mártir x O Malandro" temos uma explicação comparativa de que escolher uma vida criativa baseada em conflitos e sofrimento é um caminho de "mártir" que glorifica a honra e a dignidade do artista, mas o aprisiona em uma mentalidade doente de alguém fadado a uma vida triste, enquanto o posicionamento de alguém "malandro" funciona como a contraparte desse esteriótipo, e no caso o artista busca não cultivar dramas e se aprofundar em suas implicações, mas se desvencilhar dos problemas, tomando uma atitude mais positiva e leve, não tomando para si a responsabilidade de resolver os dilemas que surgem como um peso, mas lidar com eles como pode, e se possível extrair o que puder em seu próprio benefício. Ou seja, um caminho altruísta, pautato em um ideal de heroísmo versus um caminho mais egocêntrico, pautado em aproveitar a vida de forma descontraída.